Conheça um pouco da história de Santa Rosa de Lima
( a pedido de Chris Moreira via facebook )
“Na verdade, julgo como perda todas as coisas, em comparação com esse bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor” (F1 3,8).
Em 1532, o conquistador espanhol Francisco Pizarro invadiu o Peru. Abateu‑se sobre os povos indígenas a violência sem limites da Conquista. Perderam as terras e a liberdade. Tudo passou para o espanhol, insaciável na busca de ouro e prata. Tão insaciável, que o índio achou que o deus dos cristãos fosse o ouro. Ficava difícil para o missionário anunciar o Deus do amor, que em Jesus Cristo vem ao nosso encontro, a esses povos que dos cristãos só tinham recebido sofrimento e morte.
Nesse ambiente de avareza e de morte, no ano de 1586 nasceu na capital Lima, Isabel Flores. Era de tal beleza que logo a apelidaram de “Rosa”. E Rosa ficou para sempre. Filha de imigrantes espanhóis, nasceu numa família de 11 irmãos. Aos cinco anos aprendeu a ler, sozinha. Disse que seu professor tinha sido o Menino Jesus… Quando, aos 11 anos, foi crismada pelo Arcebispo Turíbio de Mogrovejo, pode sentir de perto a revolta dos índios, que blasfemavam contra o santo Arcebispo e contra os cristãos. A alegria da Crisma ficou misturada à visão da revolta dos indígenas e com os pobres índios, negros, aleijados e crianças esfarrapadas que viu pelas ruas.
A jovenzinha sentiu que deveria fazer alguma coisa por aquela multidão de sofredores. Mas era impotente para tão grande tarefa. Resolveu fazer o que podia e sabia fazer: sofrer e rezar. “Eu quero satisfazer a Deus pelos pecados dos outros”, decidiu‑se. Daí em diante sua vida foi sacrifício, jejum e oração. No meio da noite, escondidinha, levantava‑se para rezar. Jejuou a ponto de comprometer completamente sua saúde. Mas nunca perdeu a alegria e a serenidade, mesmo nos grandes sofrimentos por que passou.
Construiu uma cabana no quintal de sua casa, e ali se recolhia para a oração e os trabalhos.
Enfrentou sempre a oposição feroz de sua mãe, que não se cansava de repreendê‑la e humilhá‑la. Aos 15 anos, inicia a visita aos doentes nos hospitais. Nenhuma repugnância diante dos índios e negros cancerosos, cheios de feridas, malcheirosos. Procurava tocá‑los com carinho, para neles sentir com mais intensidade a presença de Deus. Depois, passou a recolher doentes em sua casa, enfurecendo mais ainda sua mãe, não conformada em ver sua casa transformada em hospital.
Seu pai fracassou na exploração de minas e a família foi reduzida à pobreza. Como era exímia bordadeira, dedicou diversas horas do dia e da noite aos bordados que, vendidos a famílias de Lima, ajudavam no sustento da casa. Igualmente dedicava-se aos trabalhos de horta.
Dava aulas para crianças, inclusive ensinando-as a tocar guitarra, harpa e cítara, instrumentos que ela sabia tocar.
Rosa de Lima tornava‑se sempre mais conhecida, amada e admirada. O povo vinha pedir sua oração nos momentos difíceis. Deus a recompensou com muitas visões e milagres. Quando, em 1615, piratas holandeses ameaçavam saquear a cidade, Rosa levou outras mulheres para a igreja de
Nossa Senhora do Rosário e ali, cobriu as portas do sacrário para que não fosse profanado e puseram-se em oração. Milagrosamente o comandante holandês morreu ainda na embarcação e a cidade foi salva.
Num dia, aos 24 anos, resolve construir uma casinha para si, onde pudesse ficar totalmente recolhida: um metro e meio por um metro e vinte, com menos de dois de altura. Para entrar, somente se arrastando. Rosa dizia que bastava caber ela e seu amigo Jesus. Serenamente predisse sua morte com dois anos de antecedência: seria no dia 24 de agosto de 1617.
E assim foi. Cercada de amigos e devotos, entregou a alma a Deus, com voz suave proferindo suas últimas palavras: “Jesus, ficai comigo. Está… está tudo terminado!”. Tinha 31 anos.
Santa Rosa de Lima, padroeira da América Latina, donde foi a primeira santa, mostrou que a santidade cresce no meio do pecado. Como belas flores brotam no pântano, a virtude cresce em ambiente de pecado. Mais ainda, mostrou que a santidade é necessária, e é o único remédio para conter a força do pecado, que se manifesta no ódio, no desprezo pelo próximo, pelos filhos de Deus. Foi canonizada em 1671 e sua festa é celebrada em 23 de agosto.
O tempo de Santa Rosa de Lima é também o tempo de três outros Santos: o citado arcebispo Turíbio de Mogrovejo, o mulato Martinho de Lima, o migrante espanhol Juan Macias. Rosa, Martinho e Juan partilharam da espiritualidade dominicana, a cuja Ordem Terceira pertenceram. Mais do que isso, partilharam de uma intensa vida de oração, humildade pessoal e, como fruto maduro, um amor total pelos pobres.
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